sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"Você tem liberdade de escolha?"

Cansa-se de fechar os olhos para a realidade presente de todos os dias
Invade-se da incontrolável raiva interna
A cama que durmo, roupas e sapatos que tenho,
como posso ter tudo isso em posse se é parte de um "podre capitalismo".
Como?

Porque trabalhei para tê-lo?
Por que tenho melhores condições de vida?
Não!
Qual é a minha diferença para o cara, que tem apenas um par de chinelo, uma calça e uma blusa, e carrega um grande carrinho debaixo de sol e chuva, catando entulhos pela rua?

Qual é a diferença?
Nenhuma.
Talvez por algumas atitudes que ele possa ter tido na vida, não tenha sido capaz de ter um teto para morar, mas isso não o torna diferente de mim...
Ele é um humano, tem braços, pernas e fala...
Então qual é a diferença?

A unica diferença é que eu sou um subproduto do capitalismo...
Que nojo de mim!

Clamei ao céu, levantei os braços e a realidade me vestiu como uma seda.
Um vestido de seda branca escorregou suavemente pelo meu corpo e se encaixou.
Agora, parece que entendo.
Entendo e sinto as dores do mundo antes ocultadas por mim mesmo.
Essa raiva. Esse choro guardado quer bater asas.
Olho, tudo isso a minha volta, e sinto muito rancor.
Dói e o choro vem.
Essa, é uma das poucas vezes que um choro soa, sem que seja produto do meu ego.
É uma dor que se refere ao coletivo.
Como posso dormir na minha cama, se o processo que ela chegou até mim contradiz com o que acredito?
Alguem foi explorado para que essa cama que eu durmo fosse produzida, agora como posso dormir nela? E esse edredom que me cubro? E essa roupa que to agora?
Comecei a ter consciência dos objetos que me cercam,
É uma mistura de recusa, dor, justiça...

Eu sou livre não sou?
Então não quero mais aceitar o que este mundo podre me oferece!

Pois bem,
Que seja então iniciada alguma atitude, a consciência eu já tenho!

2 comentários:

  1. é um conforto saber que não estou sozinha, que existem COMPANHEIRAS como você e outros nessas descobertas de hoje... O que a gente sente é muita dor, uma dor diferente e muito forte. Me sinto cega, me cegara, nos cegaram, e sabe como é, quando se está no escuro e se encherga a luz, os olhos doem, mas o escuro não desejamos jamais. Saiba amiga, que estou do seu lado para que as ações sejam praticadas, com muita paixão e atitude, não quero viver mais no escuro. Beijos, Aline Valerry

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  2. Karaka Aline, é tão bom saber que tem mais gente com a gente!
    Tô desde ontem, penso e choro, repenso e penso de novo e agora quando li que vc postou me emocionei fortemente!
    Que bom!
    E fico muito feliz ao saber da tua consciência também.
    E vamos juntos descobrir o caminho para essa "revolução"!

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